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Boa tarde pessoal!
Os
primeiros dias de maior “liberdade” tem sido bons.
EU ANTES / EU AGORA |
Eu finalmente abri os olhos!
Eu estava
na “Matrix
Trabalhista”, trabalhando cada vez mais para cumprir os prazos e
manter meu nome como uma marca de excelência dentro da companhia.
Somos treinados
desde a infância de que ser político é algo
ruim (afinal, quem elogia os políticos de nosso país?) e que o sucesso só é
alcançado com muito trabalho, superando todos os limites.
E eu me
pergunto: O que ganhamos
com isto? A resposta é: Mais trabalho!
E para
ficar esta frase na minha e na cabeça de vocês, eu vou citar ela várias vezes
ao longo deste texto:
“O
insubstituível é "impromovível"”.
Sim, esta
palavra nem existe, mas deveria existir.
É isto que
eu fui me tornando, pouco a pouco, com a minha incessante batalha em busca de
gerar resultados que me fizessem ser rapidamente notado como um diferencial.
Atualmente
eu sempre figuro a lista de “talentos da empresa”, mas isto no máximo me
blinda contra as crises, pois justamente por ser
“insubstituível”
eu garanto meu emprego.
Meu foco em
aumentar a renda bruta era tão grande
que eu estava fazendo de tudo para conseguir um aumento salarial, com
crescimento de cargo.
Mas eu me
tornei insubstituível!
Não que se
eu for embora a empresa vai parar, não entenda desta forma, eu não sou tão bom
assim.
Eu quero
dizer que, como eu atuo tão bem nas atividades que faço, primeiramente eu não
tenho tempo de agir politicamente pois estou sempre arduamente lidando com
minhas funções e coordenando meu time em cada projeto, pois mesmo quando alguém
não faz algo e para não trazer decepções a empresa que eu tanto “amo” eu mesmo
pego e faço, nem que seja de casa, nem que seja sacrificando as férias ou meus
finais de semana.
E alguém
para cobrir meu excelente trabalho? Não existe.
Eu sempre
pedi alguém para atuar junto comigo, como um backup, pois, eu também mereço descansar,
tirar férias, ter algum tempo ocioso.
E eu nunca
tive! Afinal, eu consigo resolver qualquer dificuldade.
Tornei-me o
“Severino Quebra
Galho”, agora atuando de forma transversal, ou seja, mesmo projetos
de outras áreas problemáticos eu sou acionado para resolver.
Eu sou
elogiado pela gerência como o melhor em tudo, mas não me vejo como melhor na
hora de receber uma promoção.
Uma coisa
que fica martelando na minha cabeça diariamente é, mesmo em tempos de crise como o que passamos em maior intensidade nos
meses atrás, e mesmo agora ainda enfrentamos, ocorreram promoções em minha
área, e uma pessoa próxima a mim foi promovida.
Esta pessoa
tinha sim mais tempo na área onde atuo, mas não na empresa (eu tenho mais de 10
anos como funcionário).
Quando você
começa a se comparar a colegas, é um mau sinal.
E foi
justamente isto que eu comecei a fazer.
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Eu percebi que colegas com muito menos atribuições e pressões diárias ganham mais do que eu.
Eu percebi
que colegas foram promovidos mesmo
tendo atrasado projetos e sem ter feito nada excepcional, como eu “supostamente”
fazia.
Então
comecei a me questionar: Por que eu trabalho tanto em busca de ser promovido, se pessoas que trabalham bem menos e tem mais tempo de
fazer suas apresentações de puro marketing, tem tempo de rir, tomar café, nem
levo computador para casa, atrasam os projetos numa tranquilidade, tem mais de
800 e-mails não lidos em sua caixa de entrada e ainda assim são promovidas?
E pior,
comecei a me comparar a um concorrente próximo, pessoa da equipe. Temos o mesmo cargo, mesma área, eu mandando
super bem, entregando o dobro de projetos, no prazo, no budget, e meus “concorrentes”,
onde incluo este, atrasando projeto, sempre com pendências, projetos sendo
entregue de forma “meia boca”.
Na minha
visão eu estava mais do que preparado para ser promovido, partindo da premissa
que os resultados e objetivos do ano seriam avaliados.
Aí veio a
promoção, a única para a nossa área, e numa disputa entre eu e esta pessoa, esta
pessoa venceu! Foi promovida em crise.
Para mim
sobraram as promessas de que no próximo ano eu estou no primeiro lugar, que os
projetos atuais vão me dar ainda mais “visibilidade” e que se eu continuar
neste ritmo não vai demorar a melhorar as coisas para mim.
Visibilidade?
Por que os outros sempre foram promovidos pelo que fizeram (no passado), e eu supostamente
serei promovido pelo o que eu fizer (no futuro)? Como é? Então todo ano estou
sendo testado, desafios cada vez maiores para atingir uma promoção.
Aí caiu
a ficha meus amigos:
Eu me tornei insubstituível e não é bom para meu gerente e os demais me
promoverem, afinal, quem vai carregar o piano nas costas igual eu faço?
Tive uma conversa
séria com meu gerente, onde fui bem transparente ao ponto de dizer que minha
carreira esta indo para o rumo errado, eu quero subir na gestão, e não
gerenciar projetos cada vez maiores e sozinho.
Disse mais,
que se continuar assim há sim chances de que eu simplesmente peça para sair,
por estar já de saco cheio de ficar esperando, esperando, esperando e não ver
resultado algum.
Eu disse sem medo de entrar na lista de demissões ... Sem medo de me tornar “persona non grata”.
Tentei
fazer aquilo que eu faria se não tivesse medo.
E fui bem claro: Acabou meu esforço adicional e motivação.
Não vi
nenhum benefício até agora sendo assim.
Terei outra
reunião específica com meu gerente sobre, e pretendo inclusive abordar a questão
do “concorrente. Afinal, se estávamos em crise e não tínhamos como promover, como
eu que tive a nota mais alta de avaliação não fui promovido e meu concorrente
com nota mediana foi?
Eu sei a resposta amigos ... A pessoa concorrente foi política. Vendeu sonhos. Enquanto eu ficava igual um burro de carga trabalhando dia e noite.
Eu fui um
burro.
“O
insubstituível é "impromovível"”.
Sim, eu fui
um burro me tornando insubstituível.
Como abri o
jogo e já disse que não serei mais motivado como antes por não estar vendo benefícios,
a pendência agora esta com meu gerente, e já vejo indícios de mensagens para me
fazer voltar a “Matrix
Trabalhista”.
Um
supervisor próximo também conversou comigo, tentando me fazer mudar de ideia,
vendendo a mesma enganação de sempre: Este projeto que estou é o mais
importante e que dará muita visibilidade, e que à partir dele aí sim terei as
cartas para negociar minha promoção e bla bla bla ...
Não é
justo!
Agora, tudo
que eu fiz antes não valeu de nada? Era jogo treino? Amistoso? Então para que
eu trabalhei feito um burro de carga?
Bom, agora
falando das coisas boas:
Ontem foi
meu primeiro dia como “novo profissional mediano”.
Meu Deus,
como é bom ser mediano.
Eu ouvi
músicas no Youtube, parei para ver memes e ri durante o dia.
Fiquei
contando o tempo para ir embora.
Cheguei
mais tarde, uns 40 minutos que o costume.
Faltei a uma reunião “call conference” que só me faz perder tempo.
Faltei a uma reunião “call conference” que só me faz perder tempo.
Fui embora
15 minutos antes do horário ... Cargo de confiança.
Já planejo o
próximo dia que terei aquela saída mais cedo marota, sem ninguém saber.
Que se dane
tudo!
Eu juntei
um patrimônio legal justamente para não me tornar refém de empresa.
De não ter
que engolir sapos devido a prestação do veículo e do apartamento decorado
adquirido em 30 anos.
Chega.
Agora é a
minha hora de agir como os medianos agem.
Se
trabalhando duro eu já não sou promovido mesmo, então agora eu vou ser mediano
e assim eu já sei que não serei promovido mesmo.
Fico
tranquilo.
Não crio
expectativas.
Não fico estressado.
Ontem a
mesma mulher das últimas postagens que me fez raiva, mais uma vez cancelou uma
atividade que impactou em meu projeto.
Antes, eu
iria lá, iria discutir, reclamar, pedir, suplicar, até resolver sozinho.
O novo
profissional mediano que me tornei: Escrevi um e-mail para meu gerente, para
outro gerente envolvido, para esta mulher e a chefe dela informando que o
projeto estava parado e que eu aguardaria até resolver a situação.
Resultado?
Um gerente foi lá e resolveu.
Um simples e-mail e eu me safei de dor de cabeça e estresse.
E pretendo
fazer isto agora. Simplesmente me tornar um roteador. Rotearei os problemas.
Farei o que
é de meu cargo: Gerenciar os recursos e atividades do projeto. Exceções os
chefes resolvem.
Meu
estresse melhorou.
Cheguei
feliz em casa.
Vim
cantando no carro.
Ouvi
músicas antigas, que tinha tempo que eu não ouvia.
Ser mediano
é muito melhor.
Até escrevi
este post durante meu horário de almoço, que finalmente eu cumpri: 1 hora!
É muito
melhor ser mediano.
Um abraço e até a próxima postagem.
VNM – VIVER NA MÉDIA
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